Cão de Água Português

Raça Portuguesa reconhecida pela FCI, classificação:

Grupo: 8 – Cães levantadores e cobradores de caça (ou retrievers) e cães de água

Secção do grupo: 3 – Cães de água

Para mais informação sobre o estalão – Clube Português de Canicultura – Portuguese Canine Organisation Full Member of the Fédération Cynologique Internationale. (cpc.pt)

O Cão de Água Português, histórico pescador, com origem no século XIII, era o companheiro ideal para a actividade dos pescadores portugueses, particularmente os do Algarve.

Devido a ser um exímio nadador, este cão era utilizado para recuperar o peixe que escapava dos anzóis ou das redes de pesca. Ao mergulhar, o Cão de Água Português consegue cerrar as narinas e suster a respiração. A sua cauda é comprida e as patas possuem membranas interdigitais que o permitem ser melhor nadador. Graças ao seu trabalho, muito provavelmente, terão sido salvos muitos pescadores que não sabiam nadar.

Estes cães, contribuíam também para a coordenação e eficácia da actividade piscatória transportando mensagens por mar, de barco para barco, visto na altura não haver alternativa de comunicação. Nos tempos livres, o Cão de Água Português tinha ainda a função de guardar a embarcação, sendo um cão que apresenta uma corrida veloz, energética e galopante obedecendo às ordens com facilidade.

Os pescadores reconheciam-lhes os mesmos deveres e direitos que eles próprios tinham e respeitavam o seu trabalho e dedicação ao ponto de, dividirem com o seu companheiro canino, o peixe e até o dinheiro que faziam com a respectiva comercialização. Isto era gerido pela pessoa responsável pelos seus cuidados e tratamentos.

Com a chegada da revolução industrial a Portugal no início do século XX, e a consequente modernização da frota pesqueira portuguesa, o trabalho do Homem e do cão foi sendo gradualmente substituído, levando a que o Cão de Água Português apenas estivesse presente na costa algarvia.

O Cão de Água Português é um excelente cão de companhia, não se adequando, contudo, à vida no exterior da casa. Dado o seu passado de trabalho junto do Homem, é extremamente ligado à sua família e reage bastante mal à solidão o que poderá levar a desenvolver comportamentos destrutivos. No entanto, graças à sua elevada energia e resistência, necessitará de ser exercitado diariamente no exterior na companhia do seu dono.

É de porte médio (16 a 25 kg de peso e 43 a 57 cm de altura) e apresenta um pêlo longo, ondulado e espesso (hipoalergénico). Os antepassados do Cão de Água Português eram conhecidos pelos romanos como o “Cão Leão” devido ao seu particular corte de pêlo caraterístico. Pensa-se que os antepassados desta raça são os mesmos dos do Caniche (Poodle) pela sua morfologia em vários aspetos. Visto, tal como o Cão da Serra de Aires, esta raça não possuir camada de sub-pêlo, larga muito pouco pêlo tornando esta raça numa óptima escolha para famílias onde um ou mais membros tenha alergia ao pêlo.

A pelagem comprida do Cão de Água Português, ainda assim, exige uma atenção cuidada.

Esta raça antiga que esteve bastante perto da extinção, mas é hoje a raça portuguesa mais conhecida internacionalmente graças ao ex-Presidente dos Estados Unidos da América, Barak Obama, tendo apresentado um exemplar como sendo seu companheiro e habitante da casa branca.

Sendo uma raça geralmente saudável, apresenta uma esperança média de vida de 14 anos. No entanto, estes cães podem desenvolver problemas oftalmológicos tal como cataratas e atrofia progressiva de retina bem como sofrer de displasia da anca.

Sabia que…

O facto de o Cão de Água Português libertar menos pêlo comparativamente a outras raças, foi o que levou o ex-Presidente norte-americano, Barack Obama, a adoptar um exemplar da raça como cão de família. A sua filha Malia sofre de alergia ao pêlo dos cães e esta foi uma escolha adequada. Bo, o Cão de Água Português, acompanhou a família Obama durante os 8 anos em que esta esteve na Casa Branca. Infelizmente faleceu em 2021 aos 12 anos de idade.

No Guinness Book of Records do ano de 1981, o cão de Água Português foi considerado a raça mais rara do mundo.

Cláudia Ferreira – Médica Veterinária