Raças Portuguesas: Cão de Castro Laboreiro

Raça Portuguesa reconhecida pela FCI, classificação:

Grupo: 2 – Pinschers, Schnauzers, Molossóides, Cães de Montanha e Boieiros Suíços

Secção do grupo: 2.2 – Cães de Montanha

Para mais informação sobre o estalão – Clube Português de Canicultura – Portuguese Canine Organisation Full Member of the Fédération Cynologique Internationale. (cpc.pt)

Originária de uma pequena Vila, Castro Laboreiro, do concelho de Melgaço, no norte de Portugal no século XIX, é uma das mais antigas raças da península ibérica e um orgulho para a sua região. Esta Vila inserida na Serra da Peneda e situada no extremo Norte de Portugal, rodeada por Espanha a Norte, a Este e a Sul é marcada por uma paisagem agreste e montanhosa.

Os habitantes desta zona, historicamente dedicaram-se à pastorícia principalmente até ao final do século XX. Devido à geografia da região, na busca de boas pastagens para criar o gado, os pastores eram obrigados a realizar deslocações sazonais de curta distância. Para tal, desenvolveram o Cão de Castro Laboreiro de forma a acompanhar e a defender o gado nestas deslocações. Optaram por uma selecção de um cão menos possante do que outros cães de gado mas bastante ágil, com a capacidade de escalar montes, e com a força e coragem para enfrentar predadores (tal como os lobos).

Tendo em conta que a primeira estrada de terra batida que a liga a Vila de Castro Laboreiro a Melgaço apenas foi construída em 1948, não admira que até aos anos 80 do século XX fosse uma raça apenas conhecida na região do Minho. No entanto, desde então, começou a expandir-se pelos quatro cantos do país e é hoje conhecida por todos os portugueses.

Hoje em dia, o Cão de Castro Laboreiro (também chamado de cão pastor), é uma raça reconhecida internacionalmente e por isso um orgulho para os habitantes da antiga Vila. Vila essa que lhe deu o nome e que outrora sofria de um grande isolamento do resto do país.

Todos os anos o Concurso de Cães de Castro Laboreiro é realizado pelos castrejos, sendo o concurso canino mais antigo de Portugal, e demonstrando o orgulho sentido pela população. Sendo cães de trabalho, por excelência de guarda e pastoreio de gado, quando participam neste concurso é a única altura do ano em que os encontramos à trela.

Esta raça portuguesa é de porte médio (25 a 40 kg de peso e 55 a 65 cm de altura) e trata-se de um cão rústico de pêlo curto com um padrão tigrado com tons castanho e preto. Como grande parte das raças deste porte, tem uma esperança média de vida de 13 anos.

 

Dada a sua história, são bons cães de guarda, independentes e inteligentes, mas muito leais à família e desconfiados na presença de estranhos. O seu ladrar bastante peculiar, que começa por um tom profundo que vai subindo em tons graves até terminar em tons agudos prolongados permite dar um excelente alerta quando necessário. As suas caraterísticas também possibilitam o seu uso com cão-guia.

No entanto, graças à sua natureza de trabalho no mundo rural não é uma raça de todo indicada para a vida em apartamento ou para donos inexperientes, dada a sua personalidade vincada e a sua força. Apesar disso, tem um temperamento bastante camo e tolerante com as crianças.

Tal como as restantes raças rústicas é bastante saudável, não tendo particulares problemas de saúde que possam ser identificados e é uma excelente escolha para pessoas que tenham alergia ao pêlo, visto não possuir camada de sub-pêlo. Esta característica é muito dificilmente encontrada noutros cães de gado.

Para que a pelagem fique limpa e brilhante, basta uma escovagem ocasional.

Sabia que…

Graças ao seu ladrar caraterístico, aliado à sua inteligência, força e agilidade, o Cão de Castro Laboreiro foi usado como cão-polícia e militar no Corpo de Fuzileiros de Portugal.

A sua polivalência deste cão leva-o também a ser usado como cão guia, como cão de presa e, até, como participante em provas de agility, tendo um exemplar desta raça sido Campeão do Mundo de Agility em 1990.

No mundo do Cão de Castro Laboreiro costuma-se dizer, com algum humor, que este costuma ameaçar primeiro e cumprimentar depois devido às suas excelentes características como cão de guarda.

 

Cláudia Ferreira – Médica Veterinária

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